segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

BRASIL DE LUTO



Morrem carnavalesco Joãosinho Trinta e ator Sérgio Britto

O Brasil está de luto, a cultura e a arte estão órfãos de dois de seus ícones mais expressivos, as noticias das mortes neste sábado do carnavalesco Joãosinho Trinta e do ator e diretor Sérgio Brito. O carnavalesco João Clemente Jorge Trinta, o Joãosinho Trinta, de 78 anos, morreu por volta das 11h em São Luís, no Maranhão. O Hospital UDI, de São Luis, ainda não confirmou a causa da morte do artista, um dos responsáveis pela modernização e pelo atual formato dos desfiles de Carnaval do Rio de Janeiro.

Também na manhã de sábado, morreu o ator e diretor Sérgio Britto, aos 88 anos. Ele estava internado desde novembro no Hospital Copa D’or, no Rio, com problemas cardiorrespiratórios.


Sérgio Britto recebeu dezenas de prêmios no teatro brasileiro e trabalhou em mais de cem peças. No Rio de Janeiro, fundou, nos anos 70, o Teatro dos Quatro, sala de espetáculo que funciona até hoje, foi diretor do Centro Cultural do Banco do Brasil e também atuou no cinema e na TV.

O corpo do ator e diretor Sérgio Britto foi velado na tarde deste sábado (17), no Saguão Getúlio Vargas, na Alerj, no Centro e enterrado às 11h deste domingo (18), no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária do Rio de Janeiro (o G1 havia informado anteriormente que o enterro seria realizado no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul, segundo nota divulgada pela Alerj; mais tarde, a sobrinha do ator, Marília Britto, corrigiu a informação e divulgou o local correto).

Ele estava internado no Hospital Copa D’Or, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, desde o dia 14 de novembro com problemas cardíacos e faleceu às 6h35 de insuficiência respiratória aguda. A informação foi confirmada pela assessoria da Rede D'Or.

Segundo a Globo News, Britto tinha 88 anos. Ele foi criador, diretor e ator do Grande Teatro Tupi, que foi ao ar por mais de 10 anos. Considerado um dos maiores atores do país, Sérgio Britto foi responsável pela direção de “Ilusões perdidas”, primeira telenovela produzida e exibida pela TV Globo. Apesar de seu pioneirismo na televisão, foi o teatro que o consagrou.

A presidente Dilma Rousseff prestou nesta tarde sua solidariedade a Joãosinho Trinta, que morreu neste sábado (17) em consequência de um choque séptico secundário à pneumonia e infecção urinária. Para Dilma, o Carnaval brasileiro "ficará mais triste" sem o carnavalesco, que foi um dos responsáveis pela transformação do desfile das escolas em espetáculo.

"O Carnaval do Brasil fica mais triste sem a alegria e o talento de Joãosinho Trinta. Artista plástico, por mais de 40 anos encantou a todos com a criatividade de suas produções, a inteligência de seus enredos e a ousadia de seus desfiles de escolas de samba no Rio de Janeiro", dizia um trecho da nota de pesar atribuída à presidente. Para Dilma Rousseff, Joãosinho Trinta "fez do Carnaval brasileiro uma das mais belas festas do mundo".

João Clemente Jorge Trinta, popularmente conhecido como Joãosinho Trinta, é considerado um dos maiores nomes do Carnaval carioca e sempre lembrado por sua ousadia e genialidade. Nascido em São Luís, no Maranhão, no dia 23 de novembro de 1933, Joãosinho demonstrava desde cedo o gosto pelas artes - tanto é que, aos 17 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar dança clássica no Teatro Municipal.

Durante 25 anos, o carnavalesco fez parte do Corpo de Baile do Teatro Municipal e encenou duas óperas, O Guarani, de Carlos Gomes, e Aída, de Giuseppe Verdi. Em 1961, ingressou na Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro como assistente e, dois anos depois, consagrou-se campeão ao lado da escola, que apresentou o enredo Chica da Silva, de Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues.

Com a saída de Pamplona e Rodrigues, tornou-se carnavalesco da escola. Em 1973, fez dupla com a artista plástica Maria Augusta no enredo Eneida: Amor e Fantasia, que alcançou o terceiro lugar. Já como carnavalesco-solo se tornou bicampeão pela escola em 1974, com O Rei de França na Ilha da Assombração, e em 1975, com O Segredo das Minas do Rei Salomão.

Em 1976, Joãosinho aceitou o convite para assumir a agremiação da Beija-Flor, levando a escola a conquistar o título de campeã, com o enredo Sonhar com Rei dá Leão, em referência ao jogo do bicho - a escola também viria a ganhar em 1977, 1978, 1980 e 1983. Além de seu trabalho como carnavalesco, Joãosinho criou e organizou diversos programas sociais de inclusão da população carente na época em que esteve na escola.

Em 1989, Joãosinho causou um verdadeiro reboliço na Sapucaí, chamando a atenção inclusive da Igreja Católica com o enredo Ratos e urubus, larguem minha fantasia. A escola era conhecida pelo luxo aplicado em seus desfiles e levou à avenida uma comissão de frente formada por mendigos, além de alas e alegorias esfarrapadas, causando grande perplexidade. No abre-alas, havia uma réplica do Cristo Redentor, que acabou escondida por sacos de lixo devido à proibição da Igreja. A cena é tida como um dos marcos do Carnaval carioca.

Após 17 anos na Beija-Flor, Joãosinho Trinta transferiu-se para a Escola de Samba Unidos do Viradouro, onde ganhou o título do Carnaval de 1997 com Trevas! Luz! A explosão do Universo. Em 1996, sofreu um derrame que paralisou um dos lados de seu corpo, mas, mesmo assim, continuou seu trabalho na escola. Em 2004, foi homenageado no Carnaval pela Escola de Samba Acadêmicos da Rocinha, que elegeu como tema sua vida e sua obra.

Em novembro do mesmo ano, Joãosinho sofreu um novo derrame e, no ano seguinte, decidiu afastar-se da Sapucaí, atuando apenas como uma espécie de consultor durante as preparações para o Carnaval. A partir de 2006, passou a se locomover com cadeira de rodas e, desde então, vinha passando por graves problemas de saúde - até sua última internação, em maio deste ano, com quadro de pneumonia e insuficiência cardíaca. O corpo do carnavalesco Joãosinho Trinta será enterrado na manhã desta segunda-feira, no Cemitério do Gavião, no bairro da Madre Deus em São Luiz. O sepultamento está previsto para as 10h30. O carnavalesco morreu aos 78 anos e, durante todo o domingo, seu corpo foi velado no Museu Histórico e Artístico do Maranhão, na Rua do Sol.

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