segunda-feira, 21 de julho de 2008

ADEUS DERCY GONÇALVES










ADEUS A GRANDE DAMA DO TEATRO BRASILEIRO
A tarde de sábado ainda estava feliz no palco do Teatro Bento Mossurunga ensaiando a nova peça quando recebo uma ligação inesperada, nunca atendo o telefone quando estou no palco mas como estava no intervalo atendi, e fui surpreendido com a noticia da morte de minha grande ícone a única, inimitavel e insubistituível DERCI GONÇALVES, não dei explicações, apenas pedi a minha companheira de direção que acompanhace a última passagem de texto do dia e me retirei do palco, sentei sozinho nos fundos do teatro e chorei, pode parecer estranho chorar por alguém que não é intimo seu, mas chorei por Dercy, tive a honra de em 1995 assistir a um show dela em Ponta Grossa e conhece-la nos camarins, logo que bati na porta ouvi sua inconfundível vós “- Quem é o filho da puta que tá aí? Tô pelada porra!” Aguardei ela se trocar e então pude realmente estar ao lado da grande dama.
Sinto-me honrado em ter sido chamado de filho da puta pela Dercy, num país autamente televisivo como o Brasil, esta grande mulher foi abandonada, após ter ajudado a construir o que é hoje a televisão brasileira, no início da Globo elae outros atores levavam móveis de casa para a emissora para que a mesma pudece funcionar, e então deixam-na sem trabalhar, inúmeras vesesdercy pedia para trabalhar e a Globo simplesmente lhe virou as costas, pagando-a para não aparecer por lá, o SBT durante algum tempo pois no ar o programa Fala Dercy que era maravilhoso, mas apesar de manter um contrato vilalício com Dercy, abandonou-a num canto, como abandona-se móveis, roupas e papéis velhos, Silvio Santos apenas a chamou para participar daquele ridículo Programa “Nada Além da Verdade” porque estava sendo um fracaço no IBOP e lógico Dercy levou-o as alturas.
Estou sim enlutado por esta grande atriz, precursora da comédia, musa inspiradora de nós artistas, mas estou mais enlutado ainda por nossa arte e cultura que jamais terá alguém com tanto a ensinar, e que foi tão maltratada pelos grandes do teatro, cinema e televisão, mas Dercy tinha algo que os outros jamais terão, o carinho e o respeito do povo brasileiro.
Adeus Dercy, choro por não ter podido aprender mais e a conviver com você, choro de tristeza mas sei que os céus estão a recebendo de braços abertos e contagiados por sua alegria, obrigado por ter dedicado mais de 80 anos de sua vida á nós artistas e ao povo brasileiro, que “Dionísios” deus do teatro a recompense com o maior palco dos céus, e que você possa contracenar e a ensinar os grandes que habitam os céus.

Ariano Elon